– Ah, não! Tô toda suada, descabelada.. Tô horrível!
– Deixa disso, fia. É assim que eu gosto…
Vez ou outra a gente se depara com situação assim. Elas se achando as mulheres mais feias do mundo e a gente o contrário. A turma lá do fundão da sala, os bagunceiros, pode até dizer que o que a gente gosta mesmo é só de peito e bunda (e se fosse eu a ler isto, também diria), mas a gente compra o ideal também. Normalmente não admite, mas compra.
É claro que a gostosa da rua vai chamar atenção. O que não quer dizer que ela seja aquela que, de fato, irá nos atrair. E há uma diferença considerável nisso.
Da mesma forma que elas têm uma ideia ou um conceito daquilo que vale a pena num sujeito, nós também gostamos de olhar para aquela moça sentada no canto do coletivo, com uniforme do trabalho e aspecto cansado. O fim do dia é o melhor momento para fotografar dignidade. E como isso atrai!
Acho até que elas sabem disso. Sabem que a gente olha admirado quem se esforça. Que vê valor em quem levanta cedo da trincheira de segunda a sexta para matar leão na faca. O bacana é que mesmo sabendo disso, seja lá por qual motivo que eu nunca vou entender, elas fazem questão do cabelo, do salto, da graciosidade.
– Os anos tão fazendo bem pra essa cabeça, hein rapaz!
– Os anos não, elas…
“Lata d’água na cabeça,
Lá vai Maria
Lá vai Maria
Sobe o morro e não se cansa
Pela mão leva a criança
Lá vai Maria”